domingo, 9 de março de 2008

O relato de Juca sobre sua aventura na floresta do Jambeiro (continuação)

16:o2 - Inicialmente a entrada na floresta foi fácil, eram apenas quatro da tarde e além da claridade, eu conhecia aquela parte da floresta como se fosse o meu quarto. Fui entrando precipitadamente, sem prestar muita atenção ao caminho que estava deixando para trás. Se eu soubesse o que isso iria me custar, não teria sido tão descuidado. Não mesmo.
"Que ótimo!", pensei, "continuando com esse ritmo chego ao Jambeiro antes das cinco, meia hora antes do monstro aparecer". Animado, acelerei cada vez mais a passada, pulando por cima de galhos quebrados, folhas secas e grossas raízes que rasgavam o chão devido a imponência de sua criação. O suor já empapava minha camisa quando cheguei a uma pequena clareira que se estendia na ala oeste da floresta onde, em seu centro, estava o Jambeiro. O foco de minha rota em busca do monstro, lá estava ele, imenso e robusto, carregado de folhas grandes e escuras que se espalhavam sobre ele e pelo chão a sua volta."Só falta um lugar bom para se esconder", pensei olhando ao meu redor. Contornei o Jambeiro procurando e não demorei muito para ver na orla da clareira um pequeno abacateiro, fácil de subir e repleto de folhas, o que facilitaria a camuflagem. Em poucos minutos subi, me acomodei e apoiei a espingarda em um galho à minha frente. Não iria segurá-la. Aprendi com o meu pai sobre a pressão que as armas fazem e não queria cair da árvore. Imagina se eu errasse o tiro...
17:40 -Minhas pernas doíam insistentemente, enquanto eu esperava o maldito monstro pendurado em um abacateiro na parte oeste da floresta. Pelos meus cálculos ele deveria ter aparecido a uns dez minutos e até aquele momento, nada. Meus braços estavam trêmulos e desde às cinco e meia que meu olho direito focava a mira da espingarda. Então, rápido como o cair da chuva, muitas coisas aconteceram.
Do tronco nodoso do Jambeiro, apareceu uma fenda que foi se alargando e dando lugar a algo semelhante a uma "entrada", parecendo um recorte feito em uma cortina incrívelmente feia. De dentro do tronco foi saindo lentamente o vulto de um homem, segurando em uma das mãos algo semelhante a uma capa. Ou melhor, uma fantasia. "O monstro é um ladrão!", pensei imediatamente e, em seguida, muitas conclusões vieram a minha cabeça de forma atropelada. O homem era um ladrão e, para invadir a minha casa, teve que matar o jardineiro e agora iria pôr o plano em prática. Havia outro homem saindo da abertura no tronco, mas eu não o vi. Em um solavanco apressado, ergui-me, foquei o olho direito na mira da espingarda e pousei o dedo indicador no gatilho. Esperei por cinco segundos que mais pareceram uma eternidade e - sem pensar duas vezes - atirei.

Um comentário:

AMANA MEDEIROS disse...

Ei! Isso requer boas explicações!
^^